São Félix do Araguaia, Mato Grosso – Em uma jornada marcada pela solidariedade e dedicação, médicos adventistas empreenderam uma missão humanitária nas remotas cidades ribeirinhas de São Félix do Araguaia, e Santa Terezinha no Mato Grosso. Ao longo de uma semana intensa, profissionais da saúde enfrentaram desafios significativos para levar cuidados médicos essenciais à comunidades karajás e tapirapés.
As aldeias de Santa Isabel, JK, Werebia, Fontoura, São Domingos, Macaúba, e Tapirapés foram os pontos de partida para essa missão, onde os médicos se depararam com uma realidade de carência extrema. Desnutrição infantil, transtornos como déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, alcoolismo, dependência química, ideação suicida, hipertensão arterial, entre outras condições crônicas e genéticas, são desafios diários enfrentados por essas comunidades.
Ao todo, aproximadamente 1.200 pessoas receberam atendimento médico direto, além de 95 procedimentos odontológicos e a entrega de 57 próteses dentárias. A missão não se limitou à saúde física, incluindo também ações de recreação para cerca de 300 crianças, além da construção de um salão comunitário no estilo indígena na aldeia de Werebia, proporcionando um espaço vital para encontros e atividades culturais.
O projeto contou com a participação de 37 missionários vindos de diversos estados do Brasil, somados a 15 missionários locais, cujo compromisso e dedicação foram fundamentais para o sucesso da iniciativa. No entanto, enfrentaram-se inúmeros desafios, desde a limitação do idioma até diferenças culturais e as habituais limitações de recursos e tempo.
A logística para alcançar essas aldeias foi extraordinariamente complexa: após um voo de Campinas a Goiânia, seguiram-se 10 horas de espera e mais 22 horas de ônibus, sendo as últimas 7 horas por estradas de terra precárias, sem sinalização e com pontes estreitas de madeira. Foram transportados aproximadamente 100 kg de ferramentas, R$100.000 em medicamentos, R$60.000 em equipamentos odontológicos, R$6.000 em materiais recreativos, além de contribuições financeiras significativas para construção e custos logísticos.
As parcerias no projeto foram fundamentais, envolvendo exclusivamente os próprios missionários e doações pontuais de membros da igreja local, como Dário, Darley, Márcia, Geovani, Renato e Luciana, e o apoio logístico da ADRA, a Dsei ( órgão responsável pela saúde indígena ), prefeituras locais, e da Policia Militar cujo apoio foi essencial para suprir as necessidades emergenciais das comunidades atendidas.
Para Albert Schveitzer, coordenador do projeto: “Participar de uma missão como essa tem uma importância e é muitíssimo maior para quem a realiza, pois percebemos o quão pouco temos feito, apesar de termos tanto. Meu filho disse ao retornar: Percebemos o quão pouco agradecemos a Deus apesar de termos tantas bênçãos em nossa vida.”
Vemos o quão importante é para as pessoas que recebem. É uma sensação indescritível sentir que você está realizando algo que Deus sonhou para você, sentir que você está sendo as mãos de Deus para acolher, levar alívio aos que estão sofrendo e a boca que dirá as palavras que estas pessoas necessitam.”
O impacto dessa missão transcendeu as fronteiras do cuidado médico convencional, fortalecendo vínculos de solidariedade e esperança entre as diversas culturas que compõem a pluralidade social do Brasil. Enquanto os desafios persistem, os médicos adventistas já planejam novas iniciativas para continuar apoiando essas comunidades vulneráveis e inspirando outros a se juntarem nessa nobre causa humanitária.
Por: Gilson Ferraz